Cidades em Destaque

Postado dia 12/06/2015 às 15:31:27

Passeio em Morretes (PR) mistura aventura, relaxamento e gastronomia

A repórter Michelle Rincon, do Jornal Hoje, saiu de Natal, no Rio Grande do Norte, e viajou mais de três mil quilômetros para Morretes, no litoral do Paraná. Confira como foi o passeio:

“Eu saí de Natal, a cidade do sol, no nível do mar, para uma das capitais mais frias do país: Curitiba. E eu não perdi tempo não. Mesmo depois de cinco horas de viagem fui logo pedindo pro taxista dar uma paradinha no jardim botânico. Ele é mesmo lindo com aquela estufa de vidro que mais parece um palácio.

No dia seguinte, pé na estrada, na verdade, nos trilhos. Eu estava ansiosa pra conhecer o Paraná. E eu não sou a única estreante aqui não. Essas jovens senhoras, 104 meninas, vão me acompanhar, pelo menos, em parte dessa viagem. ‘Nós fazemos parte de um grupo da terceira idade e elas tinham o sonho de descer de trenzinho, então estamos realizando esse sonho’, conta a aposentada Irene Ruane Montini.

‘Essa estrada de ferro tem mais de 128 anos de existência, é numa área preservada da Mata Atlântica, muita natureza. Nossos passageiros de viagens vão encontrar entre túneis, pontes e cachoeiras, paisagens deslumbrantes numa viagem que dura aproximadamente três horas’, explica o gerente da linha férrea, Rogério Duarte.

Então vamos nessa! O passeio de trem é bom para todas as idades. São 953 metros de altitude do nível do mar. E aqui tem estrangeiro também. A Mary veio do Canadá para participar de uma competição de karatê e disse que está no Brasil pela primeira vez e que está sendo maravilhoso porque tem pessoas amáveis e muita beleza.

Aqui eu acabei descobrindo que essas árvores grandonas, as araucárias, são um dos símbolos do Paraná e estão até na bandeira do estado. A natureza aqui é privilegiada e muito preservada. No começo do caminho, saindo da cidade, vegetação rasteira, mas com uma hora de viagem já estamos no meio da mata fechada.

Esse é um dos trechos mais impressionantes do passeio. A gente está passando pelo viaduto do Carvalho e tem a sensação que o trem saiu dos trilhos e que começou a voar. Isso por causa da curva de 45 graus e da altura, são mais de 50 metros de despenhadeiro.

A gente desceu na estação Marumbi, onde muitas pessoas também aproveitam para descer e praticar o montanhismo, já que esse é considerado o berço do montanhismo brasileiro. Mas a gente vai no sentido contrário, pegar um jipe para fazer uma trilha rumo a Morretes.

As pedras são escorregadias. Aqui precisei de um apoio para descer em segurança. Idosos, crianças e pessoas com dificuldades de locomoção devem evitar esse caminho por onde passam, inclusive, animais selvagens... Mas isso não é comum, pelo que contam na região e o que salta mesmo aos olhos é o colorido das flores como as orquídeas e o som dos pássaros e da água que desce a montanha e corta o caminho.

O resto da trilha, 18 quilômetros serra abaixo, a gente percorreu de jipe. E a essa altura, a fome já bateu! Aí não tem saída, quem chega em Morretes tem que provar o prato típico: o barreado, que custa, em média, R$ 45 por pessoa. ‘O barreado é uma carne, cozida em uma panela de barro, com tempero, uma carne do dianteiro do boi, uma paleta, um músculo, uma carne meio dura. Fica horas cozinhando no vapor’, explica o garçom Willian.

A sugestão é comer o barreado com farinha de mandioca e olha só como ele testa o ponto do barreado: virando o prato na cabeça do cliente. E nada cai! “É muito gostoso. Quando ele botou assim pra ver se caía, deu um desespero. Mas é bem gostoso mesmo, a carne bem molinha, bem bom”, diz a advogada Marina Gabriela Pontes.

Algumas coisas chamam a atenção aqui em Morretes. Primeiro, essa temperatura mais agradável, diferente lá de Curitiba, que tem um frio característico. Aqui, a temperatura é bem mais amena. E outra coisa são as casas, as construções portuguesas que são encantadoras. Aquele ali foi o segundo prédio construído na cidade, o único que ainda resiste e hoje sedia uma pousada.

Tem também o lugar que funcionou o telégrafo, que ajudava na comunicação, principalmente durante os ciclos do ouro, da erva mate e da cana de açúcar, tempos áureos e movimentados na economia local. Hoje a agricultura e o turismo são as principais fontes de renda dos pouco mais de 15 mil habitantes de Morretes. A cidade inspira tranquilidade e o ecoturismo, com doses de aventura está crescendo.

A nossa pedida foi descer o Rio Nhundiaquara de bóia. Vesti colete salva-vidas, capacete, peguei a bóia e me juntei à turma numa caminhada até o local da descida. É uma ‘pernada’, como dizem aqui. O passeio alterna um pouco de emoção com relaxamento, o que também pode ser encontrado no passeio de caiaque. É bom fazer a descida do rio em duplas para não cansar tanto. Um fim de tarde para curtir a beleza da Mata Atlântica e recarregar as energias antes de retomar à rotina”.

 


Receita de barreado
Para quem ficou com água na boca depois de ver a experiência da Michelle ao experimentar o barreado, segue a receita do prato típico do Paraná, que serve três pessoas:

Ingredientes:
1,4kg de acém ou músculo bovino cortado em cubos
400g de cebola picada
100g de bacon picado
20g de alho
2g de cominho em pó
2g de pimenta do reino em pó
2g de coentro em grão torrado e moído (opcional)
4g de folha de louro
10g de sal

Modo de preparo:
Em uma panela, frite o bacon com um pouco de óleo para não grudar. Quando o bacon estiver dourado, acrescente os dentes de alho inteiro e aguarde até que fiquem dourados também. Reserve e, depois de frio, triture a mistura.

No liquidificador, bata as cebolas com um pouco de água até virar um suco. Reserve. Depois, na panela de pressão, coloque a carne, o suco de cebola, os temperos e a mistura de bacon com alho triturado. Cubra com água até um palmo acima da carne. Feche a panela e, depois que começar a pressão, conte 20 minutos. Abra para ver se a carne se desmancha ou desfia facilmente com o garfo. Se não, coloque mais um tempo sob pressão. Depois de pronto o barreado, mantenha na panela, tampada, até o dia seguinte.

Na receita original, a carne é cozida na panela de alumínio e lacrada com uma espécie de massa feita com uma parte de farinha de trigo para três partes de farinha de mandioca e um pouco d'água pra dar a liga. Use essa massa para vedar a lateral da tampa da panela e coloque algo pesado em cima da tampa para que ela não abra quando ferver. Assim que ferver, um pouco de vapor deve subir pela lateral da tampa e abrir rachaduras na massa que estava vedando a panela. Isso é normal e esperado.


comente esta matéria »

Copyright © 2010 - 2024 | Revelia Eventos - Cornélio Procópio - PR
Desenvolvimento AbusarWeb.com.br