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Postado dia 04/06/2023 às 02:29:55

Jovem agricultora ensina o valor do empoderamento feminino

Ao assumir os negócios da família, Silvia Stangherlin luta contra o preconceito criando página de apoio às mulheres do campo


Enquanto as crianças dos centros urbanos adotam cachorros e gatos como animais de estimação, na zona rural é comum que os pequenos criem carneirinhos, bezerros e outros bichos de grande porte como pets. Esse é o caso de Silvia Stangherlin, agricultora de 37 anos, que produz soja e outras culturas. Da infância até então, Silvia mora em Foz do Jordão, Paraná. Desde lá criava animais, e aos oito anos já pilotava trator, sempre sob a supervisão do seu pai.

“Minha rotina era cercada de animais: vaca, carneirinho, cachorro, gato... Sempre que voltava da escola, via minha mãe preparar a marmita do meu pai, que é agricultor, e juntas levávamos o almoço para ele. Era uma alegria. Eu passava as tardes na roça com ele, acompanhava seu trabalho e nem ligava de me expor ao pó enquanto ele trabalhava na colheitadeira. Eu me criei em cima de máquinas e com oito anos ele me ensinou a dirigir. Tudo o que eu sei veio do conhecimento que meu pai me transmitiu.”


Na adolescência, Silvia deixou a vida no campo para estudar. Cursou a faculdade de Administração e Contabilidade e trabalhou em diversos escritórios. Até que seu pai adoeceu gravemente, e ela precisou voltar para cuidar dele.

“Há 11 anos meu pai sofreu um derrame cerebral depois de fazer uma cirurgia cardíaca. Foram quatro meses hospitalizado e três anos sem poder se levantar. Era preciso tocar o negócio da família, e durante esses três anos meu irmão assumiu a gestão da fazenda. Depois disso, ele decidiu se dedicar a outras atividades e eu, que era bem jovem, assumi o comando da propriedade.”

Silvia enfrentou dois desafios adicionais: o fato de ser mulher e a falta de experiência. Ela sabia que o trabalho no campo era totalmente dominado pelos homens e que sofreria preconceito. Também, que precisaria buscar conhecimento para administrar corretamente o negócio. E foi aí que as redes sociais se tornaram o trunfo da jovem agricultora. Ela criou conexões com diversos agrônomos, entrou em grupos de WhatsApp sobre o tema e passou a trocar conhecimento e a tirar dúvidas com os mais experientes.


“Sofri preconceito porque era nova, porque era mulher e porque não tinha experiência. As pessoas me aconselharam a arrendar a plantação e viver de renda, usando o tempo para cuidar dos meus pais. Mas aquilo não fazia sentido para mim: tinha maquinário, tinha vontade e tinha fé. No primeiro ano plantei e o resultado foi muito bom. Claro que os desafios foram grandes, mas contei com a assessoria de agrônomos e engenheiros que vieram me ajudar. Consegui pagar as contas e embora tenha passado por momentos difíceis, hoje estamos bem.”

Em um dos grupos do qual participava, conheceu o seu atual marido, que tem plantações em Lagoa Vermelha, no Rio Grande do Sul. Passaram, então, a administrar os dois negócios. Enquanto preparam a plantação em Foz do Jordão, colhem em Lagoa Vermelha. Na entressafra, se deslocam entre os dois estados para acompanhar tudo de perto.

Em condições climáticas favoráveis, atualmente a lavoura do Paraná produz entre 75 a 80 sacas de soja por hectare. No Rio Grande do Sul, por ser mais frio, a média cai um pouco, entre 60 e 70. Ainda assim, é um ótimo resultado, e Silvia credita isso à tecnologia que utiliza na plantação.

“Com a tecnologia, faço mapeamento do solo. Usando GPS, um carrinho percorre toda a lavoura e coleta amostras de terra a cada hectare. Com isso, consigo saber de quais nutrientes cada pedacinho de terra precisa, aumentando a saúde do solo e a produtividade. Para o trabalhador há muito conforto, já que hoje os tratores têm cabines, evitando que haja exposição ao pó. Também existem outras ferramentas disponíveis no mercado, como o piloto automático, que planta sozinho. Tudo isso agrega valor à produção.”

Outra máquina que viabiliza o trabalho de Silvia é a picape Chevrolet S10 High Country, que leva a agricultora onde quer que a necessidade esteja, indo de suas plantações até a casa de sua família ou de Foz do Jordão a Lagoa Vermelha e vice-versa.

“A picape Chevrolet S10 agrega muito valor ao meu dia a dia. Dependo do carro por conta das visitas às fazendas, que estão a 500 km de distância. Para percorrer essa estrada, preciso de um carro grande e confortável, e com a Chevrolet S10 eu tenho isso. A picape também me ajuda na lavoura. Se um trator, por exemplo, quebra no meio da plantação, eu consigo chegar até ele e resolver o problema com velocidade.”

Além de buscar a internet para conhecer novas tecnologias, Silvia frequenta diversas feiras de agronegócio. Ali, além de conhecer outros produtores, tem a chance de comprar insumos em condições comerciais melhores, ver testes de tecnologias e produtos agrícolas em campo e se inteirar do mercado.

Apesar de todas as barreiras, sete anos liderando suas terras deu à Silvia credibilidade no que faz, tornando-se referência entre as mulheres. Para inspirá-las e ser inspirada, Silvia criou uma página voltada para a mulher do campo, onde troca experiências e estimula as participantes a assumirem o controle de suas vidas.

“Há mulheres que têm o carro na garagem, mas esperam seus maridos para levá-las aos lugares. Eu incentivo que trabalhem, que partam para cima, que combatam o preconceito e encarem seus medos. É assim que vamos conquistando os espaços que podem ser nossos.”

                Nome: Silvia Stangherlin

                 Idade: 37 anos

                 Cidade: Foz do Jordão-PR

                 Produto: Soja, trigo, milho e feijão

 


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