Lapa (PR) vira cenário para filme sobre Maurício de Souza, e moradores participam das gravações

As equipes gravaram na cidade de 24 a 28 de outubro. Alguns munícipes que participaram da produção tiveram que assinar um contrato de confidencialidade, por isso, não há muitas imagens detalhando as gravações na cidade.

"Era uma busca por moradores da cidade mesmo para serem figurantes. Eu logo me inscrevi e deu certo de me chamarem. Foi uma semana com muito sol, eles conseguiram aproveitar bastante. Eu participei no último dia... Foi uma correria, porque era o último dia das gravações como um todo do filme, não só na Lapa". 

Na Lapa, segundo Miguel, dois períodos da vida do Maurício de Sousa estavam sendo contados: a infância e a juventude.

Na obra, o filho de Maurício, Mauro Sousa, interpreta o pai quando jovem.

“Foi uma dinâmica bem frenética, mas bem interessante de observar. Valeu muito a pena. Mais legal ainda é saber que a nossa cidade foi escolhida por ter um centro histórico, com casarios preservados, e isso fez muita diferença para eles terem escolhido a Lapa. O mais interessante foi saber que a gente tá fazendo parte de uma produção tão grande, e de uma história tão legal que é a do Maurício de Sousa”, destacou Miguel.

A Prefeitura da Lapa explicou que a escolha da cidade como um dos cenários do longa-metragem se deu pelo acervo arquitetônico preservado, similares à cidade de Mogi das Cruzes, em São Paulo, onde o cartunista cresceu.

Entre os cenários utilizados estão a Praça General Carneiro, Colégio Estadual São José, fachadas, ruas e estabelecimentos comerciais, como o Barão Bistrô.

A proprietária do bistrô, Eliana Bussmann Claret Bueno, contou que cresceu acompanhando a Turma da Mônica, e que nunca imaginava que um estabelecimento comercial dela seria palco para gravações de um filme com a história de Maurício.

Segundo Eliana, a locação do bistrô aconteceu pela similaridade que tinha com a barbearia do pai do escritor.

“Meus irmãos mais velhos, meu marido, eu, minhas filhas, de 30 e 13 anos... Minhas filhas começaram a aprender a ler com as revistinhas do Maurício de Sousa. Nunca na vida eu imaginei que isso ia acontecer [...] Quando chegaram e se depararam com o bistrô, eles ficaram de queixo caído, a janela era original, tem uma pintura interna de época, e ai ficaria muito fácil pra eles montarem ”, disse a empresária.

Na gravação no bistrô, as filmagens demoraram um dia, segundo Eliana.

“Foi muito legal todo o trabalho, o reconhecimento deles com a Lapa. E, além da produção em si, que é todo um movimento que não estamos acostumados. Quando a gente vê uns 30 segundos de cena, nem pensa que foram horas para ser feita [...] Eles foram muito legais, muito profissionais, mostravam como tudo funcionava”, destacou Eliana. 

De acordo com Pedro Vasconcelos, diretor do longa que acompanhou as gravações na Lapa, o filme vai contar a história de Maurício de Sousa desde a infância até depois da criação da personagem Mônica, próximo aos 36 anos de idade, quando ele ganhou popularidade no Brasil. 

“Achamos na Lapa tudo que precisávamos e muito mais. Um lugar agradável, simpático, acolhedor e que mantém seu centro histórico bem preservado, que por incrível que pareça é muito raro de se encontrar pelas cidades do Brasil [...] O Maurício realmente é uma figura para o povo brasileiro muito importante pelo legado que nos ofertou e pelo estimulo à leitura, à criação, imaginação”, detalhou Pedro à assessoria da prefeitura. 

Mauro Sousa, filho de Maurício, contou que o pai acompanhou as gravações à distância, mas que pretende levá-lo para conhecer a cidade paranaense.

“Pra contar um filme como esse, eu e a equipe precisávamos nos sentir bem, em casa, e foi isso que aconteceu. E isso reflete no filme, nas filmagens [...] Eu praticamente liguei pra ele [Maurício] todos os dias, ficava com ele horas e horas no telefone, foi um processo que nos aproximou bastante também”.

Até a publicação desta reportagem, o longa “Mauricio de Sousa - O Realizador de Sonhos” não tinha data de lançamento prevista. A previsão é que chegue aos cinemas em 2023. 

Segundo a prefeitura, a Lapa tem o primeiro conjunto arquitetônico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) no Paraná. Individualmente, os bens tombados são: 

A prefeitura destaca que a área tombada abrange 14 quarteirões, com 235 lotes de formatos e dimensões bastante diversificados, que somam 23,41 hectares.

No centro histórico, chamam a atenção as ruas de paralelepípedos, as réplicas de luminárias antigas e construções em estilo colonial português dos séculos XVIII e XIX. O local já foi usado, em diversos momentos da história, para outras produções como documentários, curtas e longas nacionais.