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Postado dia 15/11/2022 às 17:27:38

Indústria responde por mais de 60% do emprego em pequenos municípios do Paraná

Enquanto nas grandes cidades o setor de serviços é o principal gerador de empregos, nos pequenos municípios são as indústrias que garantem a maior parte das vagas para a população. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Previdência mostram que em 48 municípios do Paraná mais da metade das pessoas formalmente empregadas trabalham na indústria. Em 27 municípios, esse percentual é maior que 60%.

Em Matelândia, no Oeste do Estado, esse índice é ainda mais expressivo. De acordo com dados do Caged, de janeiro a agosto desse ano, o setor industrial respondeu por 86% das contratações com carteira assinada. Em Indianópolis e Jussara, a participação da indústria nos empregos formais ficou em 84% e 82%, respectivamente. Nos municípios de Ivaté, Jaguapitã, Tapejara, São Tomé e Cidade Gaúcha, o setor industrial foi o responsável por ocupar mais de 70% a população. São todos municípios com menos de 20 mil habitantes.

“Quando olhamos para o interior do Paraná percebemos que a indústria tem um peso muito grande na geração de empregos”, destaca o economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) Evanio Felipe. Ele destaca ainda o poder de fomentar toda a atividade econômica em cadeia, promovendo o desenvolvimento econômico.

A vice-prefeita de Matelândia, Rozani Marcolin Bolzon, conta que o município é outro depois da chegada das indústrias. “O início da industrialização se deu em 1994 com a intenção da Cooperativa Lar em implantar um abatedouro de frangos. O município incentivou com a área, a terraplanagem e incentivos fiscais”, lembra. A cooperativa emprega cerca de 20 mil pessoas - e muitas vêm de outros municípios e regiões.

Segundo Rozani, desde 2009 Matelândia mantém o Programa de Desenvolvimento Industrial, o que atraiu várias empresas e faz com que o município esteja em pleno emprego. “Temos hoje 932 vagas de emprego abertas, vem gente de fora trabalhar aqui, do Pará, do Maranhão”, conta. A vice-prefeita observa, no entanto, que com a atração de mais pessoas para o município há uma pressão grande por escolas e serviços de saúde e reforma que os municípios têm que estar preparados com toda essa infraestrutura quando decidem implantar programas de atração de indústrias.

Pleno emprego e falta de mão de obra

O presidente da Associação dos Municípios do Oeste do Paraná  (Amop), Elio Marciniak, que é prefeito de Santa Tereza do Oeste, confirma que a região, que tem 57 municípios, está toda em pleno emprego. Segundo ele, as agroindústrias, especialmente do setor cooperativistas, são as grandes responsáveis pela oferta de trabalho. “Das dez maiores cooperativas do Brasil, sete estão na nossa região”, conta.

Marciniak destaca que as cooperativas atuam especialmente na produção de alimentos e são as indústrias alimentícias as que mais demandam mão de obra. Investir na qualificação da população e oferecer incentivos devem  fazer parte das estratégias dos municípios que querem atrair indústrias, segundo ele. “A minha indicação para os municípios: adquiram terras e forneçam em comodato para as empresas, ofereçam isenção fiscal por cinco anos. É uma forma de garantir emprego para a população e investir no amanhã porque depois esse retorno vem na forma de impostos”, destaca.

Em outra região, no Norte do Paraná, o município de Mandaguari é outro bom exemplo. O setor industrial emprega 64% da população formalmente contratada. “Temos o Capacita Mandaguari, em parceria com entidades do Sistema S, que prepara as pessoas para o trabalho”, conta a prefeita Ivonéia Furtado.

O município sedia uma grande indústria de alimentos, o Frigorífico Aurora, um dos maiores empregadores da região. Para viabilizar mais um turno de trabalho e gerar ainda mais emprego, a prefeitura forneceu uma médica veterinária para o serviço de inspeção do abate.

Outra grande empregadora do município é a Indústria Romagnole, do setor eletrônico, diz a prefeita. “É uma empresa tradicional que gera muitos empregos aqui”, observa. A prefeita destaca que a desburocratização é uma das principais ações que um município deve promover para atrair investimentos. “Tenho relatos de empresas que desistiram de outras cidades e vieram para cá devido à agilidade, simplificação dos processos e todo o suporte que oferecemos”, pontua.

A importância das cooperativas

Em várias das pequenas cidades onde o emprego industrial é forte, isso se deve à atuação das cooperativas. O Sistema Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná) cita como exemplo as cooperativas Lar e Frimesa (em Matelândia), a Copacol (em Cafelândia), a Coopcana (São Carlos do Ivaí), Aurora e Cocari (em Mandaguari), Coasul (em São João).

“Há cerca de 25 anos, as cooperativas se estruturaram e deixaram de apenas fornecer insumos e receber e comercializar a produção dos cooperados. Passaram a investir na industrialização, gerando empregos”, conta Robson Mafioletti, superintende da Ocepar.

Segundo ele, o grande destaque é na produção de proteína animal, com indústria de frangos, suínos, peixes e leite. “São setores que demandam muita mão de obra”, destaca. Mafioletti  diz que o setor cooperativista gera 140 mil empregos no Paraná e mais da metade disso está ligado ao setor de carnes.


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