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Postado dia 26/03/2015 às 00:27:25

Mãe de três cadeirantes sofre para tirá-los de casa

do G1

É difícil chegar ao casebre da dona de casa Aparecida Mendes, em Paiçandu, no norte do Paraná. O carro se bate todo, as rodas se enfiam em buracos enormes, a poeira vermelha sobe e sufoca. Se já é difícil de carro, imagine empurrar cadeiras de rodas neste terreno acidentado. Mãe de três adolescentes cadeirantes, Aparecida sequer tem veículo para encarar a ladeira de terra, vizinha a uma linha de trem desativada e a uma penitenciária estadual.

Para levar os meninos a algum lugar, vai a pé mesmo, "no braço". As cadeiras saem aos solavancos da casa e, com dona Aparecida na condução, brigam com as muitas pedras esparramadas pelo caminho. Não é raro quando as rodas enroscam e causam pequenos acidentes. E há um detalhe: quando um dos filhos sai, o outro tem que ficar em casa.

Pedro, de 13 anos, Anderson, 18, e Carlos, 19, nasceram com a mesma doença nas pernas, conforme a mãe. Ela não sabe explicar o que é, com detalhes técnicos. Diz apenas que é "um problema nos nervos". Patrícia, de 16, é a única entre os filhos que consegue se locomover normalmente.

A família mora há cerca de quatro anos na casa, alugada por R$ 380 mensais. É a penúltima antes do fim da rua e do começo de um matagal. Para facilitar a saída dos rapazes, não há muros ou portão. Dentro, nenhuma porta, com exceção do banheiro, divide um cômodo do outro.

Rotina de Anderson (foto) se resume a ir à escola e voltar. (Foto: Erick Gimenes/G1)
 
Rotina de  Anderson (foto) se resume a ir à escola e voltar. (Foto: Erick Gimenes/G1)

 

Quando chove, ninguém sai. Quando o sol está muito forte, todo mundo sofre. A rotina dos três irmãos se resume a ir para a escola - com o ônibus que os busca em casa - e voltar. Para chegar ao centro, se necessário, é preciso enfrentar cerca de 400 metros de ladeira e barro.

O pai dos jovens trabalha em uma empresa de limpeza, em Maringá, cidade vizinha. Não tem condição de ajudar no transporte dos meninos, porque só chega em casa para jantar e dormir, segundo dona Aparecida.

Sem opção de o que fazer, os meninos assistem a uma televisão velha e jogam um videogame Playstation 1 praticamente o tempo todo. "É muito ruim depender dos outros. E o pior é que a gente [os irmãos] nem consegue se ajudar. Um asfalto mudaria nossa vida aqui", comenta Anderson.

Asfalto pode demorar

Não há previsão para que a rua Otávio Pelissari, onde mora a família de dona Aparecida, seja asfaltada, segundo o secretário de Obras de Paiçancu, Renato Bariani. Há dois projetos prontos para a pavimentação, mas o começo das obras depende de liberação de verba federal, diz ele.

"Já temos os projetos e as certidões prontas. Mas, não depende de nós. Temos que aguardar a liberação do dinheiro por parte do governo federal. Acreditamos que, em 60 dias, já vamos receber uma confirmação dessa verba. O processo licitatório deve começar lá para junho, julho. Agora, quando vamos conseguir, de fato, começar o asfalto? Não dá para dizer", afirma o secretário.

Ainda conforme Bariani, oito dos 67 bairros da cidade precisam atualmente de pavimentação parcial ou total – entre eles o bairro onde a família de dona Aparecida mora. O valor previsto para estas obras é de R$ 25 milhões, diz o secretário.


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