Política

Postado dia 13/04/2018 às 09:31:41

Diário de viagem: Brasília, entre a cidade dos ricos e dos pobres

Para quem chega ao Distrito Federal, a partir do aeroporto internacional Juscelino Kubitschek, tem-se mesmo uma boa impressão da capital nacional Brasília. Do aeroporto, bem cuidado, por meio de táxi, uber ou mesmo de transporte executivo, logo o turista chega ao setor hoteleiro da cidade, no setor norte ou sul.

Por outro lado, quem chega a partir da rodoviária interestadual pode contar com opção diferente para se chegar à região central. A poucos metros daquele terminal fica a estação de metrô, possibilitando que, com tarifa de R$ 5,50, o viajante alcance o terminal rodoviário central, bem no coração de Brasília. 

Eis que nesse ponto reside a questão a considerar.

A julgar pelos cuidados com aquelas instalações, percorrer o aeroporto de Brasília tem-se a impressão de se estar mesmo na cidade da elite do funcionalismo público. No entanto, na rodoviária central – de onde partem os vários ônibus para as cidades-satélites e entorno, constata-se uma cidade muito suja e mal organizada.

No local há várias barracas vendendo diferentes produtos, verdadeiro camelódromo. A lotérica existente no local – além de pequena – vive cheia de gente, com filas o tempo todo. Realidade aquela bem semelhante à verificada em muitas grandes cidades do país.

Indagado sobre questão de violência em Brasília, taxista explica que região do plano piloto se mostra bastante tranquila, por ser bem policiada, o que não ocorre exatamente nas cidades satélites.

O “mapa da violência” pode ser constatado também por meio de publicação do Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF). Contando com 40 mil exemplares, o periódico “Brasília – Capital do Crime” traz cenas explícitas de homicídios ocorridos em Sobradinho, Samambaia, São Sebastião, Planaltina, entre outros. Segundo o Sinpol-DF, trata-se de “um jornal que demonstra o descaso do Governo Rollemberg com a Segurança Pública”.

Viajar de avião nem de longe lembra a experiência de pegar ônibus no terminal central, rumo a alguma das cidades-satélites. Em cada trecho – de ida ou volta – por companhia aérea como a Latam, o viajante pode responder a questionário, conforme pesquisa enviada por e-mail, para saber de alguma reclamação, sugestão e avaliação do serviço prestado durante o último voo.

No entanto, da qualidade do serviço do transporte metropolitano de Brasília ninguém quer saber ou, se as autoridades já conhecem o problema, realmente encontra-se distante uma solução.

Trabalhadores reclamam que, também no final da tarde e começo da noite, ônibus seguem muito lotados, sem se esquecer ainda que a frota se mostra bastante velha. Inclusive em protesto nessa semana, boneco inflável caracterizado com o governador Rodrigo Rollemberg  mostrava seu descontentamento para com a atuação da administração do Distrito Federal quanto às condições do transporte público.

A divisão entre rico e pobre pode ser ainda observada ao se comparar os salãrios da massa trabalhadora e as aposentadorias e pensões dos servidores públicos, fazendo com que Brasília apresenta a segunda maior desigualdade de renda do país, só perdendo para a do Amazonas, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A presença de servidores públicos garante ao Distrito Federal a maior média de aposentadorias e pensões do país: R$ 4.234. Mais do que o dobro da média brasileira, de R$ 1.750, e do Centro-Oeste, de R$ 2.105. Em tempos de crise econômica, as aposentadorias e as pensões foram as maiores fontes de renda da população.


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