Política

Postado dia 15/07/2021 às 16:41:54

Conselho de Ética define data limite para ouvir deputado Boca Aberta

O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados decidiu nesta quarta-feira (14) conceder uma última oportunidade para que o deputado Boca Aberta (Pros-PR) se defenda das acusações de quebra de decoro por agredir o deputado Hiran Gonçalves (PP-RR) e por invadir um hospital no norte do Paraná. Alegando suspeita de Covid-19, Boca Aberta apresentou atestado e não participou hoje da reunião em que foram ouvidas duas testemunhas indicadas por ele.


Presidente do colegiado, o deputado Paulo Azi (DEM-BA) reagendou a oitiva de Boca Aberta para o dia 3 de agosto. Azi relatou que o Conselho de Ética já aprovou a suspensão do mandato de Boca Aberta, por seis meses, em dezembro de 2019. No entanto, após recurso à Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, o deputado conquistou o direito de indicar duas testemunhas que teriam sido "indevidamente dispensadas pelo relator”, deputado Alexandre Leite (DEM-SP).

"Esta presidência entende que, nesta data, este conselho cumpriu com o que foi determinado pela CCJ; mas, acatando a sugestão do relator, para que depois não haja questionamentos quanto ao cerceamento da defesa, vamos determinar que a oitiva presencial do deputado seja na primeira terça-feira útil após o recesso parlamentar, impreterivelmente”, disse Azi.

Ao acolher parcialmente o recurso apresentado por Boca Aberta, a CCJ concluiu, no dia 19 de abril deste ano, pela reabertura do prazo para instrução probatória – 40 dias –, determinando que seja proferido um novo parecer a partir das provas produzidas.

Relator dos processos, Leite destacou que o novo prazo de instrução já foi dilatado e se encerrou nesta quarta-feira (14). Segundo Alexandre Leite, ao longo das apurações, Boca Aberta tem se utilizado de artifícios, como atestados médicos, para adiar o desfecho do processo.

“Ele apresenta atestado médico para faltar em tudo e, inclusive, responde na Justiça por apresentar atestado médico falso. Ficou muito claro que é um jogo para empurrar o processo com a barriga. E a CCJ caiu nesta armadilha”, disse o relator.

Acusações
Além de ser acusado de ofender o deputado Hiran Gonçalves, Boca Aberta responde a processo por ter invadido, no dia de 17 de março de 2019, por volta das 4h30 da madrugada, o Hospital São Camilo, em Jataizinho, região metropolitana de Londrina. Segundo a representação do PP, o deputado entrou na unidade de saúde acompanhado de assessores e perguntando pelo médico plantonista.

Informado de que o profissional estaria na sala de descanso, foi até o local, acordou o servidor e registrou tudo em vídeo. Em seguida, iniciou um tumulto, constrangendo o médico e o enfermeiro que participavam do plantão. O vídeo foi, posteriormente, editado e divulgado nas redes sociais do deputado.

Testemunhas
Marcelo Belchior, pastor e porteiro, disse que não tem vínculo com o Boca Aberta, mas admitiu que faz atendimentos espirituais no gabinete do deputado em Londrina. Segundo Belchior, o hospital visitado pelo deputado vinha sendo alvo de reclamações por negar atendimentos. Para Belchior, a atitude de Boca Aberta “foi mais uma questão de desespero em defesa da vida”.

Na mesma linha, Marlos de Andrade, que trabalha no gabinete da vereadora Mara Boca Aberta – esposa do deputado –, na Câmara Municipal de Londrina, disse que o deputado atendeu ao clamor popular por atendimento. Segundo ele, a conduta de Boca Aberta se justifica em razão da negativa do hospital em prestar alguns atendimentos.

Para Leite, Boca Aberta abraçou uma bandeira justa, mas agiu de forma errada. "Apesar de o sistema ser falho e de a reclamação fazer sentido, o médico estava no direito de descansar. Havia apenas pacientes em observação, o enfermeiro os estava olhando e, se aparecesse alguém, o médico seria chamado. Aquelas pessoas, naquele momento, pagaram com a imagem da vida delas, com prejuízo a suas famílias, sem ter culpa”, disse o relator.


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