Geral

Postado dia 20/04/2021 às 15:51:52

Startup aproxima consumidores e pescadores artesanais do Paraná

 Foi acompanhando pescadores durante o mestrado em Sistemas Costeiros e Oceânicos, que o oceanógrafo Bryan Renan Müller, de 30 anos, conheceu de perto as necessidades desses trabalhadores no litoral paranaense.Além de ir para o mar fazer a captura dos pescados, atividade que poderia levar o dia todo, era comum que eles tivessem de entregar os produtos por valores abaixo do que esperavam. Os negócios eram feitos com atravessadores, que levavam os peixes e frutos do mar para peixarias e mercados da região. "Quem definia preços e prazo era o comprador. Os pescadores não tinham voz porque não tinham como armazenar os peixes", recorda o rapaz.

Müller viu nessa relação de desvalorização a oportunidade para criar um negócio que fortalecesse a pesca artesanal.Três meses depois, ainda em 2018, fundou a Olha o peixe!, startup que faz a ponte entre consumidores e pescadores de Pontal do Paraná, Guaratuba, Paranaguá, Ilha do Mel e Ilha de Superagui. No ano seguinte, depois de um período de testes, os pescados locais passaram a ser entregues no litoral e em Curitiba. Os compradores fazem encomendas avulsas ou através de um clube de assinaturas de pescados, com entregas semanais.

O empreendedor explica que a construção dessa rede possibilita que os pescadores recebam pagamentos à vista e com valores mais atrativos para eles."Às vezes, é uma diferença de R$ 3 no quilo, mas que para uma família que vende 100 quilos fará uma diferença de R$ 300 no fim do mês", comenta. Müller calcula que, desde o início das operações, a Olha o peixe!já teve uma receita de R$ 480 mil."Setenta e dois porcento desse valor fica nas comunidades, porque são as famílias que fazem o trabalho pesado", assinala.

Em dois anos, já foram feitas mais de 4,2 mil entregas envolvendo dez comunidades de pescadores e 30 estabelecimentos comerciais.Setenta porcento dos consumidores individuais são mulheres, com idade entre 25 e 45 anos. "O que percebemos é que elas se interessam muito pela causa, querem fortalecer o local. Elas também fazem compras maiores, com pescados mais fáceis de serem manuseados, como o camarão limpo ou o filé de pescadinha, enquanto os homens preferem peixes inteiros ou ostras", comenta Müller.

Geração de renda  

As operações da startup também têm gerado emprego para mulheres do litoral.Elas são as responsáveis pelo pós-pesca - limpam, embalam e levam os pescados para congelamento no mesmo dia que os maridos os trazem do mar, a fim de manter a qualidade do produto.É o caso de Janaína da Luz, 26 anos.

"Antes era difícil conseguir um trabalho que eu pudesse conciliar com o cuidado do meu filho", conta. Hoje, toda a família dela atua na pesca artesanal."Com o que eu ganho, já consegui reformar minha casa, pagar nossa canoa. Estamos tendo um retorno muito bom", define.Apesar de ainda não terem um local para armazenar grandes quantidades de pescados, o apoio para escoar a produção já deixa os pescadores numa situação melhor, avalia Carlos Henrique Keike da Silva, 44 anos, pescador há mais de 20 anos em Pontal do Paraná."Antes, nós tirávamos a pesca e queriam nos pagar muito barato, ficávamos na mão dos atravessadores. O pescado de R$ 12 o quilo, queriam pagar R$ 4, R$ 5. Agora temos mais gente correndo atrás para comprar", diz.

Divulgação caiçara


comente esta matéria »

Copyright © 2010 - 2024 | Revelia Eventos - Cornélio Procópio - PR
Desenvolvimento AbusarWeb.com.br