Política

Postado dia 18/02/2021 às 23:25:21

Porque política é atividade perigosa em Colômbia

Segundo a ONG Indepaz, em 2020, em Colômbia, houve o assassinato de 310 líderes sociais incluindo indígenas, afro-colombianos, camponeses e mulheres e homens defensores da identidade de gênero, além de 12 de seus familiares e 64 signatários do Acordo de Paz.

Inciado em 4 de setembro de 2012, e com sua assinatura em 24 de novembro de 2016, aquele acordo entre o governo do então presidente Manoel Santos e as Forças Armadas Revolucionarias da Colômbia (Farc), pretendia acabar com meio século de enfrentamentos, com a previsão de entrega de armas pelos rebeldes. 

Como parte do entendimento, as Farc ganharam o direito a cinco vagas no Senado da República -  que conta com 108 integrantes, no total. Ocorre que apenas parte dos guerrilheiros entregou as armas, e passaram a atacar os dissidentes. Desde a assinatura do acordo, mais de 250 ex-combatentes foram mortos. 

Tal acordo não alcançou a esperada "paz", considerando ainda que territórios antes controlados pelas Farc passaram a ser dominados por outros grupos armados organizados (GAO), como ELN,  Clan do Golfo, Exército de Libertação Popular (EPL), e outros. 

Grupos armados marcam intensa presença em pelo menos 13 dos 32 departamentos de Colômbia. Cobram pedágio e mesadas de campesinos e de comerciantes, destroem pontes e obras de infraestrutura, cometem atentados a forças de segurança pública, provocando ainda o êxodo de tais localidades. 

No ano passado, diante da pandemia advinda do coronavírus, paramilitares impuseram toques de recolher, quarentenas e outras medidas para prevenir a propagação do vírus. Para fazer cumprir suas regras, ameaçaram, assassinaram e atacaram aqueles que supostamente não estavam cumprindo as regras.

Em 16 de fevereiro de 2020, na cidade de Villa del Rosario-El Salado (município de Carmen de Bolívar, departamento de Bolívar, em um dos capítulos mais assustadores da história do paramilitarismo, membros de um grupo conhecido como “caratapadas” cometeram um número significativo de crimes contra civis e forçaram cerca de 4.000 pessoas a fugir da região. O massacre de El Salado durou até 21 de fevereiro.

Além da violência contra o cidadão comum, a brutalidade também se volta a líderes políticos e sociais. Colômbia tem longo histórico de assassinato de candidatos a Presidente da República, como Luis Carlos Galán Sarmiento, morto durante a campanha, 18 de agosto de 1989, em Bogotá. 

Ano de eleição se mostra também muito arriscado para lideranças políticas ainda hoje. Segundo relatório da Missão de Observação Eleitoral (MOE), entre  27 de outubro de 2018 e 27 de agosto de 2019, houve  atos violentos contra 364 líderes políticos, sociais e comunitários, dos quais 91 foram assassinados desde o início do calendário eleitoral.

O órgão constatou casos de ameaças contra todos os tipos de lideranças do país, mas especificamente contra lideranças políticas - como candidatos, governantes eleitos pelo povo e altos funcionários do Estado em todo o país - ocorreram 155 atos violentos, incluindo ameaças, sequestros, desaparecimentos, ataques e assassinatos. Destes, 108 ameaças a líderes políticos e 26 assassinatos foram relatados.

Além da atuação em grande parte do pai, grupos armados de Colômbia - como o ELN - já atua na Venezuela. Anteriormente presente na fronteira dos dois países, o grupo vem consolidando seu processo de "interiorização" na Venezuela. 

O ELN é considerado um grupo terrorista pela Colômbia, Peru, Estados Unidos, Canadá e União Europeia. Os governos de alguns países como Nicarágua, Brasil, Argentina e até 2018, Equador, não o consideram um terrorista ou beligerante. O Brasil e o Chile não aplicam esta qualificação.  


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