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Postado dia 12/01/2019 às 01:34:27

Mulheres agredidas podem encontrar ajuda no salão de beleza

Em Mato Grosso do Sul, um projeto ajuda mulheres a prevenir e combater a violência doméstica. Elas recebem orientação em um lugar onde costumam se sentir seguras.

Foram anos de xingamentos e agressões verbais. Até que, em uma discussão, o filho bateu na mãe. “Ele me encostou na parede, segurou nos meus dois braços e pegou a ponta do sapato e bateu nas minhas varizes, até não querer mais”, conta.

A mulher de 58 anos tomou coragem de denunciar depois de conversar com a manicure dela. “As agressões vão aumentando, em vez de melhorar. Mesmo partindo do filho, em vez de melhorar, piora”, conta.

Denúncias assim estão acontecendo porque profissionais da beleza são treinados para identificar e ajudar mulheres vítimas da violência. Em pouco mais de um ano, o projeto Mãos Empenhadas, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, capacitou quase 170 cabeleireiros, manicures, esteticistas, entre outros trabalhadores da área, em 40 salões de Campo Grande.

“Que ele consiga explicar para vitima quais os tipos de violência que existem na lei, que são previstas, como é um relacionamento abusivo, o que essa vitima pode fazer a partir do momento que ela se vê em um relacionamento abusivo, como ela pode fazer para sair desse relacionamento”, explica Jacqueline Machado, da Coordenadoria Estadual da Mulher.

Com o projeto, o salão de beleza agora é mais que um lugar para cuidar da aparência. Ele se transformou em uma extensão da Justiça. Em ambientes como esse, as mulheres se sentem mais seguras e a vontade, falam de assuntos que geralmente não conseguem conversar em outros lugares.

O cabeleireiro Emmanuel Álvares participou do curso e já conseguiu ajudar dez clientes vítimas de violência. “Quando a gente vê um roxinho, qualquer coisa chora, então a gente identifica que passou por alguma briga, alguma coisa do tipo”, contou.

Além de alertar, a manicure Sheila Sandim até ajudou as clientes a registrar boletim de ocorrência contra os companheiros. “Duas eu levei, pelo fato de serem minhas amigas, não tinham como ir, aí eu levei para fazer a denúncia lá na Casa da Mulher”, conta.

O projeto já chegou a outras cidades do país: em Teresina, no Piauí, e Santarém, no Pará.

“Uma violência psicológica muitas vezes para ela pode parecer uma coisa normal. Então, o profissional da beleza, essa capacitação, lhe dá essa visão, essa oportunidade de explicar a ela o que está acontecendo”, disse a juíza Liliana de Oliveira Monteiro.

do G1


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