Norte do Paraná

Postado dia 22/12/2018 às 20:29:52

Milton e Luzia Teshima, de Assaí, são finalistas do Programa Empreendedor Rural

O Sistema Faep apresentou os vencedores de mais uma edição do PER (Programa Empreendedor Rural) no último dia 14. Dez projetos finalistas foram ao palco montado no Expotrade Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, sob os olhares de mais de 5 mil pessoas de todo o Estado, reunidas para o Encontro Estadual de Empreendedores e Líderes Rurais. 

Foram inscritos 89 trabalhos na edição 2018 do PER. Os primeiros colocados ganharam uma viagem técnica internacional a ser feita em 2019.

Entre os 10 finalistas, o projeto "Aviário de frango de corte com autossuficiência de lenha" idealizado pelo casal Milton e Luzia Teshima, de Assaí, também foi destaque do Programa Empreendedor Rural. A iniciativa consiste na construção de um novo aviário de frango de corte com autossuficiência em lenha para aquecer os animais. A ideia é aproveitar as estruturas que já existem na propriedade para otimizar o uso da terra.

A propriedade do casal Milton, 61, e Luzia Teshima, 51, passou por algumas mudanças desde o início dos anos 2000, quando eles voltaram do Japão, depois de dez anos trabalhando na indústria, decididos a viver no campo. 

Compraram a propriedade em Assaí e começaram apenas com a soja. Mas a família cresceu e o rendimento ficou baixo. Em busca de diversificar a produção, tentaram, por exemplo, o bicho da seda. "Não deu muito certo na época", contou Milton à FOLHA. 

Eles acertaram a mão com o frango de corte - hoje, principal atividade econômica da pequena propriedade, que também produz soja e trigo. Eles já produzem cerca de 24 mil frangos. Mas, segundo Luzia, tudo era tocado meio intuitivamente. "A gente dizia: vamos fazer isso, que está na moda, e ver no que dá", conta. 

Por recomendação de um amigo, o casal resolveu fazer o PER e teve resultados animadores. "No próprio curso a gente fez um diagnóstico da situação atual do sítio, e começamos a conhecer os pontos fortes e fracos, que estamos tentando consertar a partir de agora", disse Milton. 

A intenção é colocar em prática o projeto, que foi um dos finalistas: fazer um novo aviário de frango de corte com autossuficiência de lenha. "Estamos correndo atrás de implementar", conta Luzia. "Fazendo o diagnóstico, a gente consegue ter mais confiança", diz. 

Milton conta que, se antes tudo era feito "com base no que o pessoal comentava" e nos dados que apenas a integradora tinha, hoje o casal se vê com mais autonomia para analisar o cenário e fazer escolhas. 

Agora, ele está de olho em outro projeto: fazer com que os filhos se interessem em continuar o que os pais começaram. São três: a mais velha, de 17, está prestando o vestibular. O de 16 faz escola técnica de eletroeletrônica. A mais nova, por enquanto, está fora do radar - tem 7. 

"Com esse curso, foi muito bom, porque eles acabaram participando", conta Milton. "Eles ajudaram na pesquisa, acabaram se envolvendo, percebendo que há novas tecnologias. Acredito que isso os tenha motivado a ver o sítio de uma outra forma", comemora. 

Os argumentos são fortes. "Em contato com os números, eles viram que podem ganhar muito mais aqui do que se forem trabalhar na cidade", diz Milton. "Fazendo o projeto, eles constataram que há perspectiva, que é possível. E têm tudo na mão.

Anderson Coelho

 

Programa Empreendedor Rural

A empreitada já dura 15 anos: o PER foi criado em 2003 pelo Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) e pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) do Paraná para atender pessoas ligadas ao meio rural, de proprietários e suas famílias a prestadores de serviço. 

O curso inclui uma fase de conteúdos multidisciplinares, que soma 136 horas de aulas semanais com assuntos que vão desde economia até questões jurídicas do meio agrário, passando por gestão e administração rural. Parte-se, então, para o diagnóstico da propriedade, o planejamento estratégico, o estudo de mercado e, por fim, o projeto - que pode ou não ser implementado. 

Ao longo desses 15 anos - e 28 mil participantes -, um perfil diferente de produtor foi surgindo, conforme conta o instrutor do Senar Luiz Antonio Tiradentes, "facilitador" do programa desde a primeira edição. Para ele, o produtor rural está se profissionalizando mais e buscando mais informações para se manter competitivo. 

"De uma maneira geral, as propriedades rurais, hoje, possuem muitas oportunidades, porque a população mundial está aumentando e a demanda por alimentos é crescente. Por outro lado, há a concorrência, questões climáticas e de mercado e também questões políticas e sociais que também trazem ameaças. O produtor tem de estar atento ao que está acontecendo fora da porteira para conseguir de adaptar", analisa. "Quando as pessoas vêm ao PER, vêm porque sabem que a concorrência é pesada e se, não fizerem a gestão de forma correta, nem o leite, nem a ave e nem a soja vão dar dinheiro", diz. 

com informações de Rafael Costa, da Folha de Londrina


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