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Postado dia 20/12/2018 às 15:40:19

Auinã Viegas, de Bandeirantes, e as várias faces do Foz Cataratas

Nascida na região de Bandeirantes, no Norte Pioneiro, a zagueira Auinã Viegas, de 29 anos, faz parte do grupo de jogadoras de futebol que, partindo de várias partes do Brasil e do exterior, se mudaram para o Paraná em busca de fazer carreira, em Foz do Iguaçu (PR).  

As jogadoras do time de futebol do Foz Cataratas, de Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, vivem uma rotina dividida entre treinos, estudos e sonhos. No elenco, mais de 20 meninas moram em uma mesma casa, fornecida pelo clube.

O time é formado por atletas que vêm de outros estados, como Rio Grande do Norte e Pará, e conta com reforços estrangeiros, como a capitã, Verônica Ribeiro, que também é jogadora da Seleção Paraguaia de Futebol.=

Histórias de vida de quem deixou a proximidade da família e dos amigos, em suas cidades, para se dedicar em busca de uma carreira no esporte.

“Eu acho que quando a gente nasce com um dom, a gente está aí para expor para as pessoas que querem ver, e todas têm um dom aqui", diz a jogadora Letícia Pires.

Família 

Com a convivência diária e a amizade, as atletas afirmam que a relação do grupo é a mesma de uma família.

Entretanto, além do apoio nos momentos difíceis, as atletas possuem obrigações no dia a dia da casa. Elas obedecem escalas de tarefas domésticas a cumprir. Quando não estão treinando, há tempo para descanso, estudos e manutenção da limpeza no local.

"Aqui a gente tem algumas coisas que, em outros clubes, não tinha. Tratamento médico, até mesmo alimentação, transporte, uniforme", conta a atleta Auinã Viegas.

Para garantir que as atividades sejam feitas, existem regras próprias entre elas: "não lavou a louça? é multa! Perdeu o uniforme? Multa", relata a capitã Verônica.

A zagueira Auinã Viegas é filha de jogador de futebol. Ela começou a jogar futebol na aldeia indígena onde nasceu, próximo ao município de Bandeirantes, no Norte Pioneiro. Quando decidiu ser atleta profissional, a família apoiou.

Com passagem por outros clubes, ela comenta que a função que exerce no time é de alto nível de exigência. "Tem que ter disciplina, saber realmente o que está fazendo ali. Porque se a gente errar uma bola, vai ser sempre lembrada", diz.

Ela destaca o que aprendeu com o esporte.

"Acho que o futebol pode te dar muita coisa, mas em algumas horas a gente só vive o momento, e acaba esquecendo que pode estudar, ter um dinheiro e guardar, ajudar a sua família (...) o futebol pode te dar muito mais", afirma.

Nos quartos, bilhetes e objetos diminuem a saudade da família e dos amigos que ficaram nas cidades das atletas. Os armários e malas das jogadoras recebem fotos e cartas dos familiares.

Durante a temporada de treinos e competições, o contato com os pais, segundo elas, é pela internet ou telefone.

Preconceito e superação 

As atletas contam que o gosto pelo futebol as acompanha desde a infância. Primeiro, segundo elas, começam os treinos entre os meninos, considerando a ausência de escolinhas para meninas.

Desde cedo, os comentários machistas e desanimadores são muitos, de acordo com as jogadoras. "A pessoa está ali, lutando por aquilo, e a outra pessoa ri dela. O futebol feminino tem essa base, mas eu acho que não é só do futebol. É da mentalidade das pessoas”, lamenta a zagueira Bruna Amarante.

Bruna nasceu em Petrópolis, no Rio de Janeiro, e conta que passou dificuldades para conseguir iniciar a carreira, quando criança. A atleta guarda lembranças do que viveu com a mãe na infância.

"Ela foi trabalhar a troco de comida, e nós fomos comer. Eu falei 'mãe, quero mais'. Ela me deu de comer e dormiu com fome (...) é uma coisa marcante, mas já passou. Hoje, a gente tem uma condição melhor. O futebol permitiu isso", lembra.

A goleira Jéssica Ferreira, de 27 anos, nasceu em Sumaré, São Paulo, e também lembra das dificuldades do início. Ela conta que, nas aulas de educação física, era impedida de jogar.

"Na educação física eu sempre quis jogar com os meninos mas eram poucos professores que deixavam. Os meninos iam para futsal e as meninas iam para o bambolê, outras coisas. Eu até chorava, queria jogar, mas não tinha jeito", recorda a goleira.

Impedimentos que não impediram o sonho. Sobre a pressão da função de proteger o gol, Jéssica diz que "só está lá quem ama, quem tem uma paixão pela profissão".

Foz Cataratas 

As jogadoras do Foz Cataratas são as atuais campeãs do Campeonato Paranaense de Futebol. Com oito anos de existência, o time coleciona conquistas como o segundo lugar da Copa Libertadores da América feminina, em 2012.

O time também conquistou a Copa do Brasil, em 2011, e um terceiro lugar no Campeonato Brasileiro. São cinco Campeonatos Paranaenses conquistados.

 do G1

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