Norte do Paraná

Postado dia 10/05/2017 às 09:46:07

Agricultores estão apreensivos com pedido de recuperação judicial de empresa

A empresa Seara Indústria e Comércio de Produtos Agropecuários, uma gigante do agronegócio que tem sede na região norte do Paraná, entrou com um pedido de recuperação judicial. As dívidas da empresa ultrapassam os R$ 2 bilhões. Agora, agricultores que venderam grãos para a empresa não sabem se vão receber.

O grupo Seara, que não tem nada a ver com a Seara Alimentos, do grupo JGB, foi fundado há 60 anos e tem negócios nos setores de agropecuária, terminais de carga, fábrica de ração e de produtos plástico.

Os acionistas dizem que foram afetados pela crise econômica, por atrasos no recebimento de créditos tributários, por problemas de logística ferroviária e de restrições de crédito.

A Justiça nomeou um administrador de uma firma especializada, e também suspendeu algumas ações de cobrança contra a empresa. Também autorizou que ela devolva 133 dos 193 caminhões que tinham sido financiados.

Com isso, o grupo tem 60 dias para apresentar um plano de recuperação que precisa ser aprovado por uma assembleia de credores.

“Ela tem uma estrutura invejável. Superando esses problemas, com dedicação dos diretores e de todos os funcionários, temos uma esperança muito grande nessa recuperação”, pontuou o advogado da empresa João Tavares de Lima Filho.

O grupo, que tem unidades de negócios no Paraná e em mais cinco estados, já demitiu 120 dos 800 funcionários, a maioria motoristas. De acordo com a assessoria da empresa, quem permanece trabalhando, está com salários em dia.

O cenário também preocupa agricultores que venderam a produção para a Seara. São produtores de milho e soja que já entregaram os grãos, mas não sabem quando vão receber. Em Santa Mariana, no norte, o Sindicato Rural afirma que a empresa deve R$ 9 milhões para, aproximadamente, 50 agricultores.

“Complica a nossa vida perante o município, perante os nossos compromissos junto ao banco e funcionários”, detalha o presidente do sindicato, Anselmo Bernardelli.

Os agricultores não descartam entrar na Justiça para retirar os grãos que dizem estar estocados nos silos da empresa. O produtor Genésio Camolese diz que entregou 10 mil sacas de soja e cobra uma dívida de R$ 640 mil.

“Nós temos compromissos, mas com isso, agora precisamos negociar. As empresas para quem devemos querem receber. Sem receber da Seara como é que vai pagar a conta”, indaga o agricultor.

“Esses agricultores precisam ter um pouco de paciência. Sei que a situação não é confortável, a situação não é fácil, mas é uma situação que nós pretendemos fazer o possível para pagá-los. Esse é o objetivo da Seara”, diz o advogado João Tavares de Lima Filho.

Em Santa Mariana, cidade que depende da agricultura, o dinheiro que deixa de circular já preocupa o comércio.

“Santa Mariana era mais movimentada, deu uma quebra muito grande”, relata um comerciante.

do G1


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