Norte do Paraná

Postado dia 17/04/2015 às 11:24:11

André Vargas recebeu R$ 4 milhões; Jumbo doou R$ 350 mil

Investigações da Polícia Federal (PF) e da força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) apontam que as empresas LSI Soluções em Serviços Empresarias Ltda. e Limiar Consultoria e Assessoria em Comunicação Ltda., de propriedade do ex-deputado federal André Vargas e de seu irmão Leon Vargas receberam, entre os anos de 2009 e 2014, ao menos

R$ 4.086.084,29 em aproximadamente 200 depósitos. As informações constam de uma planilha apreendida na residência do ex-parlamentar, em Londrina, e também de informações repassadas pela Secretaria da Receita Federal por meio da Declaração do Imposto sobre a Renda Retida na Fonte (Dirf) dos respectivos anos.

Do valor total identificado na investigação, R$ 3.170.292,02 milhões teriam sido depositados nas contas da LSI, como identificam a planilha apreendida na residência da Vargas. Estes recursos foram repassados entre os anos de 2011 e 2014. Já as informações sobre os depósitos na conta da Limiar repassadas pela Receita Federal indicam depósitos de R$ 915.792,27 entre os anos de 2009 e 2012.

Conforme os investigadores apuraram, esses recursos encaminhados a André Vargas saíam de uma comissão que as produtoras pagam às agências de publicidade por terem sido contratadas, conhecida como BV (bônus de veiculação) de produção. Ao invés de pagar essa comissão à agência, as produtoras repassavam esses 10% para as empresas do ex-parlamentar. A agência de publicidade em questão seria a BorghiLowe, da qual, Ricardo Hoffmann é ex-diretor.

Entre os maiores pagamentos feitos à LSI, segundo a planilha encontrada pelos investigadores, estão os das empresas Jumbo Tratamento Térm. e Ind. Ltda. (R$ 350 mil); O2 Filmes (R$ 311 mil); Conspiração Filmes Ltda. (R$ 226,6 mil); Mais Filmes Ltda. (R$ 237,8 mil) e Alta - América Latina Tecnologia Agrícola Ltda. (R$ 200 mil). Já em relação aos valores discriminados na conta da Limiar, os maiores depósitos foram efetuados pelas empresas Conspiração Filmes Ltda. (R$ 210 mil); JBS SA (R$ 200 mil); Zulu Filmes Ltda. (R$ 126,5 mil) e INK Geração e Produção de Conteúdos Ltda. (R$ 111,2 mil).

COLABORAÇÃO
O procurador da República, Carlos Fernando dos Santos Lima, informou que a colaboração das agências que atuam na área da comunicação são essenciais porque para desvendar uma série de operações que acontecem com a aparência de legalidade. "Uma gráfica, por exemplo, muitas vezes pode ser contratada para a produção de 100 mil panfletos, entrega 10 mil e os outros 90 mil são desviados para os interesses político-partidários, pode ser até para campanhas eleitorais. Este exemplo nos foi dado por alguém da área de comunicação", disse.

Conforme o procurador, a partir das investigações foi verificado que existem empresas das áreas de publicidade e comunicação que são forçadas a entrar nesse esquema para conseguir trabalho, para que sejam contratadas. "Por isso estamos incentivando essas pessoas a colaborar conosco porque sabemos que eles não são o destino final desses valores, são apenas meios que são usados. Temos todo interesse nisso", reforçou.

Segundo ele, a apuração referente a André Vargas revelou uma lista bastante grande, não somente das seis empresas subcontratadas inicialmente mencionadas. "Nós acreditamos que esse esquema se replique da mesma forma em outras áreas do poder público. Temos o fato envolvendo a Editora e Gráfica Atitude que recebeu repasses oriundos de contratos com a Petrobras que foram confirmados pelo delator Augusto de Ribeiro Mendonça. Então, o que vemos é que a área de publicidade é muito utilizada para desvios de recursos, agora se esses esquemas são relativos à Petrobras, Caixa Econômica, Ministério da Saúde, nós ainda vamos aprofundar", completou Lima.

"Com as informações de que centenas de outras pequenas produtoras também pagaram à Limiar, restam indícios concretos que o esquema de distribuição de propina por intermédio de produtoras pode ser muito maior que o inicialmente constatado pelas diligências da Receita Federal", dizem os procuradores ao juiz Sérgio Moro.

DEPOIMENTO
Em depoimento prestado aos delegados da PF, o publicitário Ricardo Hoffmann, diretor da BorghiLowe, afirmou que foi ele quem apresentou o ex-deputado à direção da agência que representava em Brasília, e também informou que repassou dinheiro para as empresas de Vargas em forma de comissão por serviços não prestados. Os pagamentos, de acordo com Hoffmann, eram uma recompensa para Vargas por conseguir clientela privada para a agência no Paraná, "mas que ele não conseguiu angariar cliente algum".

O MPF, no entanto, considerou essa versão "totalmente fantasiosa" para justificar as propinas repassadas ao ex-deputado. Hoffmann ainda disse em seu depoimento que a agência tinha dois grandes contratos com o governo: um de aproximadamente R$ 100 milhões com a Caixa Econômica Federal (CEF) e outro de cerca de R$ 18 milhões com o Ministério da Saúde.

Rubens Chueire Jr, da Folha de Londrina


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