Política

Postado dia 26/03/2015 às 00:19:25

Empresário preso pelo Gaeco diz ter influenciado indicações do governo

O empresário Paulo Roberto Midauar preso pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), vinculado ao Ministério Público do Paraná (MP-PR), reconheceu que influenciou nomeações ligadas ao Governo do Estado. A afirmação foi feita em uma entrevista concedida para a Rádio Cabiúna, de Bandeirantes, no norte do Paraná, em 2012.

Paulo Midauar é dono de uma distribuidora de combustíveis em Bandeirantes. A empresa é investigada por sonegação fiscal. De acordo com o Gaeco, a empresa usava documentos falsos e pagava propina para poder circular com cargas de álcool e gasolina sem o devido recolhimento de impostos.

Midauar foi preso no dia 17 de março, devido a Operação Voldemort, que investiga corrupção na Receita Estadual, o empresário teve a prisão decretada e segue detido nesta quarta-feira (25) na unidade 2 da Penitenciária Estadual de Londrina, na região norte.

Na entrevista, o empresário disse que havia “muita disputa por partidários do governador” na escolha do chefe regional do Departamento de Trânsito (Detran) do município. Ele ainda declarou na mesma entrevista  que “foi respeitada" a indicação e de outro empresário que “apoiaram Beto Richa na eleição” de 2010.

 

Filho de um ex-prefeito de Bandeirantes, Paulo Midauar sempre teve forte autuação no meio político. Ele aparece em um foto com o governador e com Márcio Albuquerque de Lima, ex-inspetor da Receita Estadual e foragido da Justiça. 

Para o Ministério Público, o empresário faz parte do mesmo grupo de Luiz Abí Antoun, parente de Richa, e que também foi preso por ser considerado líder de uma organização criminosa responsável por desvio de licitações

No começo de março o grupo conseguiu indicar a nova chefe do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) em Cornélio Procópio, Maria das Graças Dias Midauar, que é irmã de Paulo Midauar.

Outro cargo que também é indicação política é o da vice-presidente da companhia telefônica Sercomtel, que pertence à prefeitura de Londrina e Companhia Paranaense de Energia Elétrica, a Copel.

A presidência da Sercomtel é indicada pela prefeitura. A vice-presidência é indicação da Copel, que pertence ao governo do Estado. A atual vice-presidente da Sercomtel é a esposa de Luiz Abi Antoun, Heloisa Pinheiro, que também é funcionária concursada da Sercomtel. Conforme a companhia telefônica, o mandato de Heloísa na vice-presidência é de três anos e termina em abril de 2015.

Para reforçar essa tese, o ex-assessor da governadoria, Marcelo Caramori, disse em depoimento ao MP-PR que o parente do governador Luiz Abi Antoun era uma pessoa de fundamental importância na estrutura política do Estado. Segundo Caramori, era de conhecimento público o grau de influência que Luiz Abi tinha sobre o governo do Estado.

Ao G1, a assessoria do governador Beto Richa disse que Paulo Roberto Midauar não tem e nunca teve influência no governo. A indicação de cargos em órgãos públicos é feita pelo próprio governador e pelo chefe da Casa Civil.

Advogado de Paulo Roberto Midauar, Maurício Carneiro disse que não poderia comentar sobre a indicações feitas pelo cliente porque desconhece esse fato. Midauar segue preso.

As operações
Duas operações são realizadas pelo MP-PR para investigar esquemas de corrupção. Na Operação Voldemort, deflagrada no dia 16 de março, visa um suposto esquema de fraude em licitações para o conserto de carros oficiais do Governo do Paraná. 

As investigações começaram há cerca de quatro meses. Ao todo, cinco pessoas foram presas, entre elas Luiz Abi Antoun, considerado pelo MP-PR como o chefe da organização. Antoun estava preso desde o dia 16 de março, em Londrina, e foi solto na segunda-feira (23) após a Justiça conceder um habeas corpus.

Já a Operação Publicano visa um suposto esquema de recebimento de vantagens indevidas. De acordo com o Ministério Público, existia um grupo dentro da Receita Estadual que protegia a sonegação fiscal de empresários em troca de propina. A investigação ainda não identificou o possível valor desviado.

Conforme o MP-PR, as investigações começaram há nove meses. A primeira etapa ocorreu no dia 5 de março. No dia 20 de março, uma nova fase da operação cumpriu 20 mandados de prisão e outros 30 de busca e apreensão. Entre as pessoas que foram presas, estão oito funcionários da Receita Estadual, sendo sete auditores, um policial civil, um contador e empresários.

O MP-PR indica que a Operação Publicano quer atingir grupos criminosos que agem e recebem lucros a partir da corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.

do G1


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