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Postado dia 01/03/2015 às 16:14:11

Universidade pública do Paraná tem salas com entulho e luz atrasada há meses

Salas de aula cheias de entulho por uma reforma parada, prédio com aluguel atrasado, falta de professores e de funcionários, contas de luz e água sem pagamento desde maio de 2014. Esses são alguns dos problemas da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), que está em greve desde o início de janeiro e sem previsão de retorno às aulas. 

A Unespar foi criada em dezembro de 2013 como a união de diferentes faculdades estaduais que já existiam em sete cidades diferentes. Essas faculdades já tinham um histórico de problemas estruturais.

A Fafiuv (Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras), em União da Vitória, por exemplo, funciona no mesmo prédio que uma escola de educação básica. "Não há mais espaço para a universidade ali. A universidade ganhou um terreno da prefeitura para construir seu prédio, mas tem no máximo cinco anos para que seja construído e a obra ainda nem começou", conta a estudante Camila Schwarzer, representante dos alunos do campus.

Na última quarta (25), alunos de graduação de Paranavaí ocuparam a reitoria da instituição.

"O campus não tem restaurante universitário, não tem moradia universitária. O prédio é antigo e está em situação precária, ano passado ficamos duas vezes sem aula por falta de luz por causa da rede daqui", conta Victor Chab, estudante de história da Faculdade Estadual de Educação, Ciência e Letras de Paranavaí (Fafipa).

Em Paranaguá, mesmo que professores e funcionários terminem a greve, os estudantes não poderão voltar às aulas imediatamente. Isso porque as reformas das salas de aula e dos banheiros, que começou no final de 2014, estão paradas com entulho por todo o campus. A razão é o atraso nos pagamentos para a empreiteira contratada para fazer a obra, que deveria ter sido feito no ano passado pelo Fundo Paraná, do governo estadual.

Veja a situação do prédio de pedagogia, administração e ciências contábeis: 

 

 

Faltam professores e funcionários

Outro problema crítico é o número insuficiente de professores e de funcionários para manter o funcionamento adequado dos 67 cursos de graduação da instituição. Neste ano, a universidade abriu 1.484 vagas no Sisu (seleção unificada do governo federal).

No curso de história de Paranaguá, há apenas quatro professores efetivos, indica Renata Priscila da Silva, estudante do 4° ano. Segundo ela, os docentes acabam dando mais aulas do que deveriam por contrato para que os alunos não sejam prejudicados.

Devido à falta de funcionários, alunos cumprem funções administrativas em seus estágios na universidade. Na biblioteca, onde trabalha Chab, há um agente universitário contratado e sete estagiários.

"Esse é um problema estrutural da universidade. Quando entrei, dava até 18 horas de aula por semana", conta o professor do curso de pedagogia João Guilherme de Souza, que também é presidente do sindicato docente.

Segundo ele, a instituição precisa de ao menos 32 funcionários e 26 professores efetivos. O número é relativo apenas a concursos que já foram feitos e os profissionais ainda não foram nomeados pelo governo estadual.

A categoria entrou em greve no início do mês e ainda não tem previsão de retorno às aulas.

Redução no repasse e falta de autonomia

A situação da universidade se agravou com a redução nos repasses recebidos do governo estadual do Paraná. Em 2014, apenas 57,6% do orçamento de custeio previsto pela universidade foi liberado (R$ 9,1 milhões). Desse valor, a Unespar ainda espera receber R$ 1,9 milhão.

R$ 15,8 milhões
era o orçamento previsto para 2014

R$ 9,1 milhões
foi o orçamento liberado

R$ 1,9 milhão
é o falta ser repassado de 2014

Segundo levantamento da pró-reitoria de Administração e Finanças, em um levantamento preliminar foram somados R$ 2,5 milhões em dívidas do ano passado da instituição.

"Esse valor inclui dívidas com serviços terceirizados, publicação, água, luz, aluguéis e outros custos de manutenção", explica Rogério Ribeiro, pró-reitor de finanças da universidade.

Sem a liberação de recursos de custeio até o dia 20 de fevereiro deste ano, a universidade chegou a divulgar a informação de que poderia ter de fechar as portas, assim como outras três das sete universidades estaduais do Paraná.

Depois disso, houve uma reunião entre o governo e os reitores e foi pactuado o valor do repasse de custeio desse trimestre. A Unespar receberá nos próximos dias o repasse de R$ 3,257 milhões para sua manutenção nos primeiros três meses do ano

O valor a ser repassado nos próximos trimestres ainda não foi decidido e está em negociação, segundo a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

"Precisamos de R$ 19,7 milhões para custeio em 2015, esse é o valor que estava previsto no orçamento e trabalhamos com a expectativa de receber isso na integralidade", afirma Ribeiro. No entanto, a secretaria diz que o valor de custeio previsto para a Unespar neste ano é de R$ 14 milhões.

Sobre a falta de professores e de funcionários, Ribeiro explica que a universidade não tem autonomia para fazer a contratação e depende do governo estadual.

Após a reunião com o governador, foram liberadas as contratações de 33 docentes e 21 agentes concursados que aguardavam a nomeação.

Estudantes da Unespar em Paranaguá fizeram uma reunião em carteiras no pátio para explicar a situação e a greve dos alunos. 

Sobre a dívida de R$ 2,5 milhões de 2014, o pró-reitor diz que isso ainda está em negociação com a secretaria e que a universidade ainda vai estudar o que será pago e o que será mantido como dívida por enquanto.

"Tem coisas que têm prioridade, eu preciso pagar a bolsa dos estagiários, por exemplo", afirma. Neste momento, ele diz que além de aluguéis atrasados do campus de Curitiba, há dívidas de luz e água desde maio de 2014.

"Fizemos uma racionalização para que o ensino fosse mantido, mas houve prejuízo para as atividades, com certeza", afirma.


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