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Postado dia 25/08/2014

Em Itambé, galinhas viram estrelas de TV e cinema

A galinha, que já virou mamãe, é o xodó do sítio de Izolina e Sérgio Vertuan    Foto de Leo Castro

A galinha, que já virou mamãe, é o xodó do sítio de Izolina e Sérgio Vertuan Foto de Leo Castro

Piu é uma galinha da roça, caipira mesmo, mas é hoje  a galinha mais famosa de Itambé (a 42 quilômetros de Maringá), cidade que já teve outra galinha brilhando no cinema. Tem gente que viaja 10 quilômetros desde a cidade até o Sítio São Sebastião para vê-la e já teve até quem fosse de outras cidades conhecê-la pessoalmente depois que ela teve a história contada no “Mais Você”, programa de Ana Maria Braga na TV Globo. Na propriedade, onde divide espaço com outras galinhas, alguns bois, peixes e outros bichos, ela é tratada pelo casal Izolina e Sérgio Vertuan como membro da família, come do melhor, come na mão, mora dentro de casa, dorme em cama de verdade e pode dar-se ao luxo de ter certeza de que nunca irá para a panela.

Piu possivelmente não saiba que é uma ave, pois o comportamento até poucos dias atrás era mais parecido com o de um cãozinho. Acompanhava a dona da casa o tempo todo, principalmente quando Izolina ia preparar curau, pamonhas, bolo de milho verde e outras iguarias para vender nas feiras livres de Itambé e Bom Sucesso. “Ela se tornou muito amiga, é uma boa companhia”, diz a mulher.

Era parceira também do Sérgio. “Quando eu ia para a roça plantar ou colher, ela subia na caminhonete e só descia quando a gente chegava lá. Enquanto eu trabalhava, ela ficava ciscando por perto e na hora de voltar corria de novo para o carro”.

Sérgio e Izolina são de famílias pioneiras de Itambé, nasceram em sítios vizinhos e, apesar de participarem de tudo o que acontece na cidade, preferem a vida no sítio, mesmo depois que as duas filhas cresceram, estudaram e foram embora. O Sítio São Sebastião, dividido pelo Córrego Indiana, a dois quilômetros do Rio Ivaí, tem milharal irrigado, hortaliças, criação de peixes e até uma pequena cachoeira, e ficou famoso por promover, todos os anos, uma grande festa no Dia de São João, que coincide com o aniversário de Izolina. A festa recebe uma média de 600 pessoas e todas as iguarias, muitas levadas pelos próprios participantes, são servidas de graça.

Neste São João, há um mês, a atração da festa foi mesmo Piu, uma galinha sem raça definida, que dificilmente se misturava com as outras galinhas do quintal, até que conheceu Tor, o galo índio que canta de dono do terreiro. Agora, Piu continua acompanhando Celso e Izolina, mas tem que dividir a atenção com os 15 pintinhos chocados no último final de semana.

 

Sorte veio do azar

Mas, a história de Piu nem sempre foi tão regalada. Aliás, começou mal e foram os problemas dos primeiros momentos de vida que a transformaram na estrela do São Sebastião.

Mal saiu do ovo, há 10 meses, e Piu sofreu um acidente, quebrou uma das perninhas e não pode acompanhar a mãe e os irmãos, foi deixada para trás e morreria em poucas horas de fome ou comida por algum bicho se não fosse socorrida por Izolina e Sérgio. Levada para dentro de casa, a pintinha recebeu água e comida até sarar a perna, mas aí já tinha virado o bichinho de estimação da casa e foi ficando e a cada dia conquistando mais a atenção de seus donos.

Não temos cachorro, nem gato, as ‘meninas’ já foram para a cidade cuidar de suas vidas, resolvemos adotar a Piu como animal de estimação por ela se mostrar tão e diferente”, diz Izolina. “E não nos arrependemos, pois ela é uma boa companhia, até parece entender o que a gente está falando”.

A galinha sempre teve lugar de honra na casa. Desde que foi adotada, passou a dormir em um quarto, em berço de madeira feito há de 60 anos pelo pai de Izolina e onde dormiram, cada um a seu tempo, os 8 filhos do pioneiro, entre eles Izolina.

A mulher sai, vai visitar os parentes na cidade, e, quando volta, em vez de perguntar se estou bom, pergunta da galinha”, ironiza Sérgio. “Não sei se cuido bem da Piu por gostar dela ou por medo de apanhar da mulher”.

 

A galinha ou eu”

Piu não é a primeira penosa de Itambé a ganhar fama. Uma antecessora, sem nome e possivelmente sem raça definida, e com certeza sem boa alimentação, teve sua vida contada em um filme infantil que ainda hoje faz sucesso.

 

Cena do filme baseado em uma história vivida pela professora Denísia Moresqui

Cena do filme baseado em uma história vivida pela professora Denizia Moresqui

A produção cinematográfica “A galinha ou eu” foi rodada em Itambé, tendo garotos da comunidade como atores. A história foi escrita pela professora Denizia Moresqui e conta uma passagem da vida dela, acontecida próximo ao sítio onde Piu desfruta de fama.

Na história, Denizia, com cinco anos de idade, vivendo na fazenda da família, se desentende com uma galinha e tenta dar-lhe uma surra. A ave, porém, foge, mas acaba caindo em uma privada. A menina fica com medo de contar aos pais e apanhar, por isto faz de conta que não sabe que a galinha está no fundo da privada.

O tempo passou e a menina esqueceu-se da galinha. Só que, muito tempo depois, possivelmente anos, o pai da garota construiu um novo sanitário e na hora de aterrar o antigo eis que encontra a galinha, viva e saudável.

Denizia cresceu, saiu da zona rural, virou professora, secretária municipal e cineasta, mas nunca mais comeu galinha, não por pena, mas por lembrar da alimentação que ajudou sua desafeta a viver tanto tempo em um buraco.

Você pode assistir o filme “A galinha ou eu” clicando aqui


do blog do Luiz de Carvalho

 


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