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Postado dia 29/11/2013

Prefeito diz que Paiçandu fica com o ônus do desenvolvimento

Zeca Dirceu, Gleisi Hoffmann e Tarcísio

Para o prefeito de Paiçandu, Tarcísio Marques dos Reis, há um lado bom e outro nem tanto para os pequenos municípios localizados no entorno de grandes centros como Maringá.

"As pessoas acabam morando aqui, trabalhando em Maringá, investindo em Maringá, e a assistência de forma geral fica por conta do município e isso prejudica muito a nossa arrecadação que acaba ficando bastante deficitária", comenta o prefeito.

Por isso, ele defende que Maringá precisa pensar em uma política de desenvolvimento que também contemple os municípios vizinhos, como Paiçandu e Sarandi, por exemplo.

Ao assumir a prefeitura no começo do ano, Tarcísio comenta que teve que enfrentar dificuldades históricas, como obras inacabadas e um hospital que tem problemas desde sua construção. A seguir principais trechos da entrevista: 

Revelia:  Nesse primeiro ano de mandato o que o senhor já conseguiu fazer em seu município?

Tarcísio Marques dos Reis: Esse ano nós tivemos todo um trabalho de base no município, como códigos, estatutos, várias coisas que estavam bem desatualizadas em relação à realidade que a cidade precisava. Aprovação de leis de roçada, de várias leis que a gente precisou reformular em relação ao planejamento urbano. A gente tinha uma grande dificuldade nisso.

Revelia: Dentre essas várias iniciativas quais ações o senhor acha mais importante nesse começo de mandato?

Tarcísio Marques dos Reis:  A grande questão que nós estamos construindo nesse ano, a reformulação do Plano Diretor, que já existia mas não tinha muito a ver com os dados reais do nosso município. Então junto com o Observatório das Metrópoles, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), estamos fazendo todo um trabalho técnico de levantamento de dados, que na realidade já foi feito no primeiro semestre até agosto aproximadamente. Então nós já estamos na fase de audiência com a comunidade, com a participação de empresários, com vários segmentos sociais para que a gente terminar as leis complementares, e poder então dar rumo de uma forma mais planejada para nossa cidade.

Revelia: Mesmo após esse trabalho inicial, em que aspecto o senhor acha que o município já conseguiu avançar?

Tarcísio Marques dos Reis:  Entre outras coisas que fizemos talvez é o grande eixo de tudo, mas o principal também em relação ao que já existia é que conseguimos desenroscar várias obras que estavam paralisadas por problema de abandono da empresa, por questões judiciais, enfim, então nós já estamos tocando 90% dessas obras que estavam paralisadas e a gente já reativou. Algumas ainda estamos com problema com a Caixa Econômica Federal, dependendo do OK da Caixa para dar continuidade então de nova licitação e tudo mais.

Revelia:  Recentemente o senhor sancionou lei prevendo a eleição direta para diretores de escola. Qual a importância disso?

Tarcísio Marques dos Reis: Uma situação inédita no município, que em 52 anos nunca houve isso. Esse é o carro chefe como educador. Acredito que a democratização na escola pública passa pela questão da escolha do diretor. Já é o início de todo um processo de democratização propriamente dito. Tem a questão do aterro sanitário também. Conseguimos retomar a obra, já estamos com a licença ambiental para isso. E para planos futuros, acredito que nós vamos conseguir colocar em prática, daí em cima do nosso orçamento, do nosso  planejamento. A partir do próximo anos acredito que a gente consiga andar com mais com os próprios passos, com as próprias pernas, como diz o outro.

Revelia:  O município de Paiçandu faz parte de uma região importante, próximo a Maringá, mas isso traz vantagens e também problemas. Como lidar com isso então?

Tarcísio Marques dos Reis - Existe a parte boa que a gente está próximo de um centro grande e isso facilita. A gente acaba sendo pólo de atração. Mas a grande dificuldade que nós encontramos, e esse é um desafio grande, nós temos que estar batalhando no ano que vem. É tentar ver junto com a prefeitura de Maringá o desenvolvimento em comum para que Maringá também pense e ajude, e faça o planejamento com uma visão voltada às cidades que estão no entorno dela. A grande  dificuldade nossa é que Maringá acaba ficando sempre com o bônus e nós com o ônus. As pessoas acabam morando aqui, trabalhando em Maringá, investindo em Maringá, e a assistência de forma geral fica por conta do município e isso prejudica muito a nossa arrecadação que acaba ficando bastante deficitária.

Revelia:  Em quais outros aspectos também custa caro aos pequenos municípios que estão localizados próximos a um grande centro como Maringá?

Tarcísio Marques dos Reis: Outro grande problema que nós enfrentamos é a questão da penitenciária de regime semi aberto, na nossa divisa, onde o bônus fica para Maringá, que são os royalties, e a gente fica com os problemas das famílias, da assistência que tem que dar e principalmente a violência que vem crescendo em nossa cidade. Então nós precisamos necessariamente nos próximos anos ter essa visão bem geral, regionalizada, e pedir realmente o socorro para que Maringá faça seu planejamento, desenvolvimento social, industrial e comercial, mas com uma visão regional. Porque senão infelizmente e não é só privilégio de Paiçandu, mas também Sarandi, principalmente essas duas cidades, e as demais, elas acabam ficando com os problemas e Maringá, com a parte boa do bolo. E junto com essa fatia muito pequena que sobra para o município nós ficamos com os grandes problemas sociais, de segurança e tudo o mais que a gente sofre em nosso município por estar próximo de uma cidade como Maringá.

Revelia:  Entre as várias cidades do noroeste do Paraná quais as principais reivindicações?

Tarcísio Marques dos Reis: O grande problema mesmo que a gente tem sofrido é em relação a questão de infraestrutura. O grande carro chefe dos municípios é a  questão de saúde. Cada vez está mais caro, mais complicado, e cada vez menos recursos de forma geral que os municípios têm conseguido para dar atendimento à saúde que é o grande gargalo talvez de todas as gestões. O que é mais gritante realmente para os municípios é a questão da saúde da região, uma vez que a gente não consegue atender a contento a população porque é muito caro. O repasse é muito curto e os municípios acabam não tendo orçamento para dar um atendimento satisfatório à população.

vice-prefeito Valdir e prefeito Tarcísio

Revelia: Atualmente tem havido questionamentos em relação ao funcionamento do Hospital Municipal de Paiçandu. Como sua gestão tem lidado com essa questão?

Tarcísio Marques dos Reis: Igual aos outros prefeitos a gente sofre muito. E aqui principalmente é uma situação atípica porque é uma cidade de 40 mil habitantes. Nós tínhamos um hospital extremamente sucateado desde a sua construção, com problemas homéricos de infiltração. O hospital foi interditado e, após assumir em janeiro, a gente não teve tempo para socorrer essa situação. Mas agora já corremos atrás de recursos, tanto do deputado federal Zeca Dirceu, com a Secretaria de Estado da Saúde, com o Dr. Batista (deputado estadual) que nos deu uma mão, também o deputado Giacobo, e a gente conseguiu levantar R$ 600 mil para fazer a reforma que já está  acontecendo. Já estamos na primeira fase da reforma estrutural, predial.

Revelia: O senhor cita a questão de investimentos em estrutura física, mas como fica a questão do funcionamento efetivo daquele hospital?

Tarcísio Marques dos Reis: Agora em relação ao funcionamento do hospital nós já estamos buscando parcerias. O Ministério da Saúde esteve presente aqui em Paiçandu, gostou da estrutura física do nosso hospital. E já estamos fazendo uma conversa bastante estreita. Estive já em Brasília, para a gente transformar isso aqui em uma UPA (Unidade de Pronto-Atendimento), porque nós temos estrutura para isso. É o município que não consegue dar conta financeira, orçamentária, para realmente poder dar o atendimento no volume que a gente precisa na cidade. Então a gente tem tentado também conversar junto com a Uningá, Cesumar, UEM, instituições de ensino de maneira geral, para ver a possibilidade de convênio para dar atendimento de melhor qualidade para a população em relação à saúde no nosso município.

Juca de Almeida, Zeca Dirceu e Tarcísio, em 2011

Revelia: A julgar pelo primeiro ano de seu mandato, o que a população de Paiçandu pode ainda esperar de sua gestão?

Tarcísio Marques dos Reis: Gostaria de dizer é que Paiçandu tem todos os problemas que a população conhece. Não vou ficar aqui voltando ao passado dos problemas. Todo mundo sabe das dificuldades homéricas que nós vínhamos sofrendo ao longo de vários anos, com problemas políticos, de grupos políticos. Na realidade, dizer que estamos planejando da melhor maneira possível, fazendo tudo que nós podemos, correndo atrás, viajado muito buscando recursos para que a gente comece pelo menos a mudar a história do nosso município e trazer melhor qualidade de vida para a população de Paiçandu e também para o distrito de Água Boa. A população não tem visto visualmente nosso trabalho, mas devagar, com certeza, ele vai estar aparecendo ao longo dos anos. E já para o próximo ano vão começar a aparecer, porque como eu disse, nesse ano nós ficamos praticamente fazendo um trabalho de base que era necessário para estruturar o nosso planejamento futuro da gestão do nosso município.


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